Hoje? Hoje eu tropeçei como poeta...
pulei do "a" pro "e" como quem pula de flor em flor...
Saí, sabe, por ai, numa imensidão de pulos
Tirei o chapéu para as vogais que passavam e
dei a vez para as consoantes no trem ...
Mais pareciam moças bonitas a se arrumar...
em minha cabeça estavam todas se enfeitando, se empetecando
para melhor sair na foto, no papel...
Os "erres" ríspidos se juntaram e ficaram a conversar coisas sérias da economia...
Os "esses" mais suaves que são, ficavam suspirando na janela para os "ós", grandes galanteadores, que passavam pela rua àquelas horas...
E naquela confusão de saber se "s" era "z" ou "c" ficamos na ex-taca 0...
Acamos por voltar ao início de onde tudo emana, toda graça do mundo...
Os "ÁS" são realmente fantásticos e saíram com seu feminino (ou feminina, como queiram!) a mostrar a todos sua beleza,
como se desfilasse na passarela...
Os "ÉS" enciumados caíram também na dança e sairam pelas becos a cantar o alfabeto...
Várias e várias vezes...
E assim foi a minha noite de escrita. Como quem tem as palavras dançando em sua cabeça. Como quem tem um festa cheia de som e cor...
As palavras, todos os dias precisamos liga-las logo, logo, logo...
Porque depois fica mais difícil. Elas ficam sem sono.
Agitam-se...
Cláudio Mattos
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