Só digo dele, do último, aquilo que sinto
Me chega como uma tsunami, como uma avalanche e derruba tudo
Sinto aproximar-se, fico nervoso, tenso, sei o que está pra acontecer
Sei e sei mesmo quais são as consequências de sua chegada e o que irá acontecer quando se for
Eu sei
O que sinto é um desespero
Olho pros lados, olho pro relógio...a agonia aumenta
seu tamanho aumenta
sua fúria aumenta, junto a toda a cobrança que carrega consigo e quer
quer porque quer despejar em mim
É o fim.
Sei que depois saberei superar, entendo pelo menos que é mais confortante acreditar nisso
É...Dezembro chegou. Chegou como sempre chega.
Sem dar notícias já chegou e se abuletou em minha casa e nas casas outras por ai
Faz o que quer comigo, nem se preocupa com os sentimentos dos outros
A ressaca que será Janeiro, pobre Janeiro, não tem nada a ver com isso
Mas o que lhe resta? Lhe resta mostrar as feridas que a onda gigante deixou
Tudo fica exposto, tudo que era latente gritou, berrou, bradou, vomitou...
As feridas tem o ano todo pra se curar
Mas dura pouco
Mal se consegue descansar. Se consegue descansar mau...muito mau.
Cláudio Mattos